sábado, 6 de abril de 2013

Livro 96: Diego e Frida (J. M. G. Le Clezio)

Diego Rivera e Frida Kahlo formaram um dos mais célebres casais do mundo contemporâneo. Combinando toques dramáticos, como o acidente que deixou sequelas em Frida, com a sensualidade e a impetuosidade de Rivera que mesmo casado não conseguia resistir a um rabo de saia, a vida de Diego e Frida constitui uma bela história de amor e paixão.
Desde o início, quando a frágil menina de 15 anos adentra, com olhar desafiante, a sala da Escola Preparatória de Artes no México, onde se encontra o já renomado pintor, os fios do destino começaram a tecer uma ligação que mudaria suas vidas para sempre.
Até hoje, pensar em Frida é lembrar Diego e vice-versa. No entanto, a história de ambos não se restringe  ao casamento mas se estende aos ideais revolucionários, uma atitude original perante a sociedade e uma existência inteiramente dedicada à arte.
Em Diego e Frida,  o escritor francês J. M. G. Le Clezio fala da estranha força que uniu dois personagens tão diversos, fazendo nascer uma relação tão poderosa quanto destrutiva. E de como essa mistura acabou por revolucionar a arte na primeira metade do século XX. Paralelo ao relacionamento do casal, o autor oferece um histórico de sua arte, interpretando obras e explicando as circunstâncias em que foram produzidas.
Em se tratando de Frida e Diego, é notório que sua arte se insere (e interfere) em suas próprias vidas e personalidades. É através de seus quadros que eles se expressam, fazem denúncias, exprimem sua dor e amargura, e declaram sua paixão.
Os dois não poderiam ser mais diferentes. Ele, corpulento, sedutor, feioso, um ogro, incapaz de ser fiel a uma única mulher. Ela, franzina, devotada, uma índia com suas longas tranças, marcada pela poliomielite na infância  e um trágico acidente na juventude que lhe perfurou o ventre e deixou marcas e dores para o resto da vida.
O acidente que impediu que ela concebesse um filho, seu maior sonho, fez da pintura sua forma maior de expressão. Foi deitada na cama, após o acidente que Frida descobriu que seu caminho não estava nos  pés, mas nas mãos.  A pintura seria seu legado e seu alento, recurso que retomaria ao longo dos anos, nas dezenas cirurgias pelas quais passou, tendo que ficar aprisionada à dor e à imobilidade. Em 1953, quando teve a perna amputada devido a uma infecção de gangrena,escreveu: - Para que quero pés, se posso voar?

Se Frida sublimou a dor na arte e no amor por Diego, ele foi um ser inquieto que descobriu nela sua metade, sem nunca se deixar prender totalmente. Frida por seu lado também mantinha casos extraconjugais com pessoas de ambos os sexo, a despeito de sua devoção ao marido.

Como se percebe na narrativa de Le Clezio, a vida de Diego e Frida, juntos ou separados, se assemelha a um campo de batalhas. Sempre envolvidos na defesa de causas populares e engajados politicamente, travaram contato com grandes figuras da política, arte e literatura do século XX, como Breton, Marcel Duchamp, Pablo Neruda, Leon Trotsky, entre outros.  Diego usava seus painéis para fazer denúncias e defender suas causas, ainda que em várias situações tenha pintado murais para capitalistas como Nelson Rockfeller e Henry Ford. Sabia ser provocativo. No painel pintado para Rockfeller, retratou num dos personagens o rosto de Lenin.
“Diego e Frida consagrarão toda a sua vida à procura deste ideal do mundo ameríndio. É ele que lhes dá sua fé revolucionária e que faz então brilhar no centro de um país devastado pela Guerra Civil , o clarão único do passado, como uma luz que atrai os olhares de toda  a América e simboliza a promessa duma nova grandeza.”
Frida morreu em 13 de julho de 1954, de embolia pulmonar. As últimas palavras em seu diário foram: "Espero alegre a saída e espero não voltar jamais"Diego sobreviveu a ela apenas três anos, falecendo em 24 de novembro de 1957 em San Ángel, Cidade do México, em sua casa estúdio.

Título
Diego e Frida
Autor
J.M.G Le Clézio
Editora
Relógio D´Água 


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