Com Jean Paul Sartre, ela formou um dos casais mais instigantes do século e do
meio intelectual. Não se sabe se o que os unia era admiração ou amor, mas
certamente, entre inúmeros casos de ambos os lados, foram fiéis à ligação que
os unia – sem morarem na mesma casa - até a morte dele, em 1980.
No final da vida Simone de Beauvoir permitiu que fosse publicado este
conjunto de cinco novelas que se interligam, formando um romance em que as
personagens – mulheres – se encontram em situações de crise, impedidas de
exercerem sua personalidade devido ao meio preconceituoso e repressivo em que vivem. Escrito entre 1935 e 1937 esse conjunto de novelas foi engavetado por Beauvoir após serem recusadas pelo seu editor, Gallimard. São as histórias de cinco moças, Marcelle, Chantal, Lisa, Marguerite e Anne, através das quais a própria Simone lança questionamentos sobre moral, espiritualidade, vida e morte.
Marcelle é uma moça sonhadora e sensível que devora contos de Schmidt, romances e memórias históricas. Ansiava por tornar-se adulta e virar uma escritora famosa. “Nunca seria igual àquelas moças frívolas. Queria ser uma mulher de talento.” - "Há mais de uma mulher em mim – disse” (p.23:24)Mas na época da Guerra em meio ao sofrimento presenciado, começa a duvidar da existência de Deus. Entra para um movimento social, movida pelo seu idealismo, mas logo se desilude, deixa um namorado para casar-se com um jovem de futuro desalentado. O casamento definhará quando ela perceber que se dedica mais do que ele, que um dia comenta: “Não sou feito para a vida de família.” Marcelle chegará a uma conclusão: ““(...) a verdade é esta: quero gigantes e há apenas homens”. (p.27)
Marcelle é uma moça sonhadora e sensível que devora contos de Schmidt, romances e memórias históricas. Ansiava por tornar-se adulta e virar uma escritora famosa. “Nunca seria igual àquelas moças frívolas. Queria ser uma mulher de talento.” - "Há mais de uma mulher em mim – disse” (p.23:24)Mas na época da Guerra em meio ao sofrimento presenciado, começa a duvidar da existência de Deus. Entra para um movimento social, movida pelo seu idealismo, mas logo se desilude, deixa um namorado para casar-se com um jovem de futuro desalentado. O casamento definhará quando ela perceber que se dedica mais do que ele, que um dia comenta: “Não sou feito para a vida de família.” Marcelle chegará a uma conclusão: ““(...) a verdade é esta: quero gigantes e há apenas homens”. (p.27)
Na segunda novela, Simone apresenta a história de Chantal. Num diário “cor
de ameixa”, ela expõe suas impressões sobre a vida. “É quase um sacrilégio
alterar o branco virginal dessas páginas.” Chantal é uma jovem professora que
vai lecionar num colégio para moças em Rougemont. Orgulha-se de sua nova vida e
parece viver em êxtase. Passeando pelo Liceu, sentia “a impressão de andar por
um romance de Balzac.”
Chantal é admirada pelas alunas e se considera superior
às outras professoras mais velhas e conservadoras. “São todas solteironas sem sensibilidade,
orgulhosas da inútil e pesada cultura que possuem, nunca olharam de frente o
verdadeiro rosto da vida”. (p.57)
“Quando chego ao liceu, toda penteada e bem pintada e com
uma blusa de tom ruivo de certos crisântemos, sinto fizar-me em mim o olhar
cheio de reprovação de minhas colegas e ao olharem pouco maravilhado das
alunas, que devem achar-me muito irreal. Adoro descer as escadas correndo, sob
o olhar escandalizá-lo das inspetoras”(p.57).
Mas quando uma de suas alunas fica grávida do namorado,
Chantal sente-se traída e horrorizada, se nega a apoiá-la, aconselhando um
casamento rápido, contestando sua aparente “modernidade”.
Seguem-se as histórias de Lisa, Anne e Marguerite,
personagem com a qual Simone declarou se identificar mais. Seria um
autorretrato?
Seja qual for a moça
retratada, a impressão que se tem é que por meio da história de cada uma,
Simone expõe suas opiniões sobre as questões mais prementes do universo feminino
da época. É como se todas as moças formassem um quebra-cabeça que comporiam a
personalidade da autora, especialmente em seus jovens anos. Como ela mesma
define, é uma catarse e ao mesmo tempo uma obra ainda relativamente imatura. Eu
particularmente senti que Chantal se parece mais com Simone, dada a grande
influência que ela teve entre suas jovens discípulas, algumas das quais chegou a
acolher e adotar. Também existe um leve egocentrismo no texto, que é peculiar
da autora. Contudo, continua sendo uma obra importante para se conhecer o
pensamento de Simone de Beauvoir.
Gostei das suas impressões e do resumo da obra. Acabei de compra-la no site estantevitual, agora é só esperar para ler, rss. Abraço.
ResponderExcluirPelas Resenhas. Adquiri o livro a pouco. Curioso em lê-lo.
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