Que mulher não se sentiu um dia intimidada diante de um interlocutor, um
patrão, um superior, um adversário do sexo oposto? Que mulher não se
sentiu levemente em desvantagem por sua sensibilidade extrema num mundo
onde "os fracos não têm vez"? Ou mesmo não tentou adotar postura e
comportamento ditos masculinos apenas como forma de ser mais respeitada
num ambiente profissional?
A respeito dessa questão, a jornalista Harriett Rubin traz boas novas.
Depois de estudar a história de algumas mulheres que tiveram poder ou
destaque em determinada época, entre as quais Joana D’ Arc, Golda Meir,
Anna Akhmatova, Billie Holiday e Jackie Kennedy, traçou uma estratégia
que combina as táticas de amor e de guerra. Uma versão feminina de O
Príncipe, de Maquiavel.
A Princesa – Maquiavel para mulheres - pretende pôr por terra algumas
crenças que nos ensinaram sobre como nos impor e vencer no mundo dos
homens. Ao investigar por que o sexo feminino tem dificuldade em
alcançar o poder, a autora chega a uma conclusão não muito
surpreendente: as mulheres vencem menos porque ninguém quer que elas
vençam. Nem mesmo elas. Segundo Rubin, o obstáculo que impede muitas
mulheres de conquistar seus objetivos é a tendência à auto-rejeição. Ou
seja, no fundo, no fundo, elas lutam contra si mesmas. A simples idéia
de vencer traz a sensação de culpa. Alguém aí colocou a carapuça?
A Princesa se divide em três partes: o Livro da Estratégia, o Livro das
Táticas e o Livro das Armas Sutis, nas quais conhecemos mulheres
guerreiras vitoriosas e outras nem tanto. Analisando seus erros e
acertos, Harriet Rubin cria as estratégias e mandamentos que poderão
levar a Princesa ao sucesso. Como deve a mulher se comportar para
vencer no universo dos homens? A mensagem principal é a seguinte:
esqueça o modelo deles. Crie o seu. Assumindo regras criadas por homens,
você apenas irá reforçá-las. "Joana D´Arc foi uma estrategista militar
brilhante; mas foi também uma camponesa simples, de quem não se esperava
muito; é nessa dupla natureza que surge seu poder". Tire vantagem do
que você tem de melhor: sensibilidade, intuição, emoção. Use os
princípios, não as leis. Não tente combater, mas superar. Não desafie o
inimigo, torne-o um aliado. Não declare guerra. Ganhe pequenas batalhas.
Prepare-se para ser ferida e, ainda assim, não ferir. Não exercite a
vingança, pois ela só dá força ao adversário. Seja vulnerável. Seja
aberta quando todos estão fechados. Fale a verdade, pois, ensina
Harriet, “as pessoas são demasiado fracas para resistir a ela.”
Comporte-se como se soubesse que a autoridade não tem poder sobre você. E
assim será.
Prosseguindo a estratégia da Princesa, Rubin ensina: seja conciliadora.
"A maioria das pessoas na verdade não quer brigar, elas querem
triunfar". Os que entram mais em conflitos são os mais assustados. “Se
você se converter em alvo de alguém, o mais provável é que ele esteja
assustado com algo que você representa – um poder, um talento”. Parece
com aquele chefe que você teve?
Sob a ótica de A Princesa, entende-se que o homem - como bem registra a História -
nasceu para o poder. A mulher precisa lutar para alcançá-lo. O homem
deve ser ou parecer forte o tempo todo. A mulher pode ter na fragilidade
uma arma poderosa. Homens dificilmente são respeitados se chegam às
lágrimas. Mulheres têm na lágrima, muitas vezes, um trunfo. Homens devem
vencer a qualquer custo. Não se espera deles nada menos do que a
vitória. A mulher, ao longo dos séculos, e ainda hoje, não se importa de
conceder ao homem os louros da vitória. O homem é criado para ser
lutador. A mulher, para conciliar.
Por isso as táticas de A Princesa são tão bem-vindas, elas ensinam as
mulheres a vencerem com o que têm. Ao invés de lamentar o que não
possuem. Estimula-as a exercerem seu poder, exigindo o que querem e
merecem, usando o que já existe dentro delas. Em suma, "a arte da
Princesa consiste em equilibrar o terror de ser mulher com o fascínio de
ser mulher”.
A Princesa - Maquiavel Para Mulheres
Harriett Rubin
Quando li: 2005
Como adquiri: dei de presente para mim mesma.
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