
Narrado em terceira
pessoa, são 23 capítulos, nos quais o autor relata a vida em uma habitação
coletiva de pessoas pobres, conhecido como “cortiço” na cidade do Rio de
Janeiro. Um espaço onde impera a promiscuidade sexual e moral, decorrente,
segundo o narrador, da mistura de raças.
Além na animalização
dos personagens e a ação baseada em instintos de sobrevivência e sexuais, outra
caraterística naturalista da obra é que nela o espaço físico (no caso, o
Cortiço) é tão forte quanto os próprios personagens. Percebe-se que em vários
trechos o autor compara a construção a um organismo vivo, que cresce e se
desenvolve: “os olhos do cortiço se abrem”.
Outra
forte característica naturalista são os personagens trabalhadores, pessoas
comuns, que lutam pelo seu ganha-pão: lavadeira, ferreiro, operário – um
reflexo das transformações pelas quais passava o país na época, com o fim da escravidão (1888) e a decadência da economia
açucareira.
A
história se divide entre dois ambientes principais - o cortiço, de propriedade
de João Romão (que representa a mistura de raças e a promiscuidade das classes
mais baixas) e o sobrado aristocrática do Barão Miranda ( figura que representa
a elite brasileira). Localizando-se
lado a lado, os dois espaços representam as classes socioeconômicas e a
desigualdade social existente no país.
Assim
como os espaços que ocupam e que delimitam a trama, os personagens João Romão e
Miranda representam as duas classes oponentes. No romance e no país. Paralelamente
no cortiço estão os moradores de menor ambição financeira, como Rita Baiana e
Capoeira Firmo, Jerônimo e Piedade.
Além de
apresentar os mais diversos conflitos: interracial, escravidão x trabalho
livre, brasileiros x portugueses, o romance
também denuncia a exploração do homem pelo próprio homem, expondo
situações e relações de poder dentro de uma habitação coletiva.
A história começa
narrando a saga de João Romão rumo ao enriquecimento. Proprietário do cortiço,
da taverna e da pedreira para acumular capital, ele explora os empregados e se
utiliza até dos meios mais ilícitos para atingir seus objetivos.
Em oposição a João
Romão, surge Miranda, o comerciante bem estabelecido que cria uma disputa
acirrada com o taverneiro por uma braça de terra que deseja comprar para
aumentar seu quintal. Não havendo consenso, ocorre o rompimento de
relações entre os dois. Com inveja de Miranda que possui condição social superior a ele, boa
parte da trama mostra a luta de João Romão para enriquecer mais que seu
oponente, trabalhando arduamente e passando por privações.
Quando
Miranda recebe o título de barão, João Romão entende que não basta ganhar
dinheiro, é necessário também ter uma conduta refinada e frequentar ambientes
requintados. Promove então mudanças na
estalagem, que agora ostenta ares aristocráticos. O cortiço todo também
muda, perdendo o caráter desorganizado e miserável para se transformar na Vila
João Romão.
João Romão aproxima-se da família de Miranda e pede a mão da filha do comerciante em casamento. Há, no entanto, o empecilho representado por Bertoleza, sua amante, que, percebendo que Romão quer se livrar dela, exige usufruir os bens acumulados a seu lado. O desfecho não tem nada de romântico, fazendo jus ao estilo naturalista da obra.
João Romão aproxima-se da família de Miranda e pede a mão da filha do comerciante em casamento. Há, no entanto, o empecilho representado por Bertoleza, sua amante, que, percebendo que Romão quer se livrar dela, exige usufruir os bens acumulados a seu lado. O desfecho não tem nada de romântico, fazendo jus ao estilo naturalista da obra.
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