Ela nasceu Vera
Christiane Felscherinow, mas para o mundo ela será sempre Christiane F., a
protagonista de um dos mais contundentes relatos sobre os horrores a que pode
chegar a vida de um viciado em drogas. Principalmente sendo este uma menina,
na época com apenas 13 anos.
Lançado em 1978,
sob o título “Wir Kinder vom Bahnhof” (Nós, Crianças da Estação), o livro foi
publicado no Brasil com o título “Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada, Prostituída".
E tornou-se rapidamente um best-seller.
Os responsáveis
pela publicação foram Kai Hermann e Horst Rieck, então jornalistas da revista
alemã Stern, que ficaram fascinados pela história da menina ao encontrá-la num
Tribunal para a Infância e Juventude. Tratava-se de quase uma criança,
frágil, delicada, mas com uma história comovente para contar. O que era para
ser uma entrevista de duas horas acabou durando dois meses.
Escrito com base no
depoimento de Christiane e sem muita preocupação com a forma literária, o livro
comove por sua contundente honestidade. Traz ainda relatos de sua mãe, dos
policiais e psicólogos que tiveram contato com ela, além de fotos dos seus
jovens amigos, inclusive os que morreram de overdose. Ao longo das 320 páginas, conhecemos a história de
Christiane, que, nascida em 1962, em Hamburgo, na Alemanha Oriental, mudou-se
em 1968 para Berlim, com seus pais e uma irmã. Descobrindo um mundo novo, de
discoteca e festas, em 1974, ela experimentou maconha e LSD. Tinha apenas 12
anos.
Alvo muito fácil, por sua
inexperiência e despreparo, logo passaria a drogas mais pesadas.

No livro acompanhamos a luta de Christiane em
busca de clientes para sustentar o vício, as tentativas de ficar limpa
(momentos dolorosos de abstinência, junto com o namorado, muitos dos quais
duravam poucos dias, até que sucumbiam às drogas novamente) e sua enorme
solidão. A imagem que fica é de um casal de crianças, quase abandonados, sem
orientação e apoio, por parte dos adultos, especialmente a mãe de Christiane, que
por um longo tempo não soube da realidade vivida pela filha.
"Tive então,
uma verdadeira vontade de morrer. No fundo não esperava por outra coisa. Não
sabia o que estava fazendo no mundo. Antes, eu também não sabia muito bem. Mas
um viciado vive para que? Para se destruir e destruir aos outros? Pensei,
naquela tarde, que seria melhor que eu tivesse morrido, mesmo que fosse só pelo
amor a minha mãe. De qualquer forma, não sabia mais se existia ou não.”
(Christiane F.)

Com o sucesso do livro, Christiane ficou mundialmente famosa e até passou um tempo longe das drogas. Mas não por muito tempo. Em 1983, é presa no apartamento de um traficante em Berlim. Ela morou em Nova York, Zurique e Grécia, antes de regressar a Berlim na década de 1990, onde nasce seu filho, Jan Niklas, de quem perdeu a guarda recentemente por conta do vício.
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Christiane hoje. |
Desde então,
Christiane alterna período "limpos" com retornos ao vício. Seu ex
namorado Detlev vive em Berlim com mulher e filhos, é motorista de ônibus e se
diz livre das drogas.
O livro foi traduzido para 15 idiomas e transformado em filme - Christiane F. – Wir Kinder vom Bahnhof Zoo - lançado em 1981 e estrelado por Natja Brunckhorst como Christiane e Thomas Houstein, como Detlev.
O livro foi traduzido para 15 idiomas e transformado em filme - Christiane F. – Wir Kinder vom Bahnhof Zoo - lançado em 1981 e estrelado por Natja Brunckhorst como Christiane e Thomas Houstein, como Detlev.
Vera Christiane Felscherinow
320 páginas
320 páginas
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