segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Livro 14: O Vermelho e o Negro (Stendhal)

"Uma efêmera nasce às nove horas de um lindo dia de verão para morrer às cinco horas da tarde; como haveria ela de compreender a palavra noite ?"

Em O Vermelho e o Negro, Stendhal conta a história de Julien Sorel, um autentico anti-herói, descrevendo suas lutas, embates, vitórias e derrotas, alegrias e dores, como convém a qualquer ser humano, com defeitos (muitos) e qualidades (algumas).

Filho de camponês e renegado pela família (seu pai achava que ele não servia para nada), Julien tinha inteligência acima da média e memória excepcional. Estudava Teologia (chegara a decorar a biblia em latim) e trocava qualquer trabalho no campo pela leitura de um clássico. Jovem de extrema beleza e marcante palidez, tinha grande poder de sedução, e embora de origem humilde, era ambicioso e sabia exercer suas qualidades para conseguir o que quisesse.
Julien sabe que sendo pobre, só tem dois caminhos para a ascensão social - a farda militar (o vermelho) ou a batina (o negro). E aproveita bem as chances que lhe chegam às mãos. Convidado pelo Senhor de Rênal para ser preceptor de seus filhos, desempenha sua função com competência, dividindo o tempo entre as aulas às crianças e um tórrido caso amoroso com a esposa do patrão.Enquanto vive com os Rênal, procura habituar-se aos costumes da corte, aprendendo o manejo social. Porém, mesmo ascendendo, Sorel continuava a ser um pobre entre os ricos
Nesse romance psicológico, que serve de pano de fundo para que Stendhal descreva e teça críticas à sociedade francesa no período que antecede a Revolução Francesa, acompanhamos e nos envolvemos com os dramas e alegrias de um personagem onde nenhum gesto ou palavra é gratuita. Ao envolver-se amorosamente com a Senhora de Rênal, Julien inicialmente vê no romance um desafio a ser atingido, como uma batalha a vencer, porém, acaba se apaixonando verdadeiramente pela jovem senhora. Quando o romance é rompido, devido a uma carta anônima, Julien parte para o seminário e mais tarde envolve-se com Mathilde de la Mole, uma jovem da corte, com quem anseia casar-se.
"Não, ou estou louco ou ela me faz a corte; quanto mais me mostro frio e respeitoso com ela, mais me procura. Isso poderia ser uma parcialidade, uma afetação;mas vejo seus olhos se animarem quando apareço de improviso. Saberão as mulheres de Paris fingir a tal ponto?"
No entanto, é a Senhora de Rênal que será crucial em seu destino.
Numa leitura atenta de O Vermelho e o Negro, percebe-se o quanto de humanidade existe na figura de Julien Sorel. Jovem, ambicioso, autêntico em seus desejos, extremamente sedutor, traiçoeiro em suas ações, porém honesto em suas verdades, é sarcástico, arrogante, mas também se deixa levar por paixões, vive o céu e o inferno ao longo das 489 páginas do romance. Anti-herói por excelência, não é de todo mau, contudo seguramente não tem nada de bondade.
Ao longo dos capítulos sofremos por Julien, torcemos por ele, amamos e odiamos sua figura, até o desfecho sensacional do livro.

O Vermelho e o Negro
Stendhal

Quando li: 2006
Como adquiri: comprei. Faz parte da minha lista de clássicos que não podem deixar de ser lidos.

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