quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Livro 3: O Primo Basílio (Eça de Queiroz)

Um dos grandes clássicos da literatura portuguesa "O Primo Basílio", de Eça de Queiroz, traça um curioso e irônico retrato da burguesia de Lisboa em finais do século XIX. Sem meias palavras e com boa dose de realismo, o autor descreve cruamente como um aparente casamento feliz se transforma em um caso de traição e tragédia. Não sem antes descrever as mazelas de uma sociedade cujos bastidores não são nada castos.


Jorge e Luisa formam o típico casal da classe média da sociedade lisboeta. Luisa sente falta de emoções e fantasias que só encontra nos livros e às quais o marido engenheiro não consegue atender. Sua vida tranquila tem como testemunha a vizinhança pobre e os amigos que frequentam a casa, como Dona Felicidade (beata que sofre de crises de gases); o Conselheiro Sebastião, amigo íntimo de Jorge; o Conselheiro Acácio e as criadas -   a namoradeira Joana e a ressentida Juliana.
A vida calma de Luisa está prestes a ser ameaçada por um inusitado acontecimento
Quando Jorge parte para o Alentejo em viagem de trabalho, Luisa recebe a visita de seu primo, Basílio, seu primeiro amor, um bom vivant, que depois de passar pelo Brasil, vive agora em Paris. 
Em pouco tempo, Luisa se deixa envolver e seduzir pelo charme do conquistador. Logo sucedem encontros furtivos entre eles numa casa apelidada de “paraíso”.
A rancorosa criada Juliana, que tudo ouve e tudo vê, enxerga no envolvimento a chance de chantagear a patroa em troca de privilégios. De posse de uma carta comprometedora, exige que Luisa a sirva como se fosse ela a patroa, além de chantageá-la, pedindo, por seu silêncio, uma quantia exorbitante. 
Não tendo mais dinheiro para dar à criada e abandonada pelo inconsequente Basílio, Luisa cai de cama quando seu marido chega de viagem. Desesperada, ela revela tudo ao amigo Sebastião, que, com a ajuda de um policial consegue livrar a amiga do infortúnio. Mas o destino prega uma peça: uma carta que chega de longe.
Publicado em 1878, O Primo Basílio inova a criação literária da época com uma demolidora crítica dos costumes da pequena burguesia de Lisboa. Não há santos na trama de Eça, todos têm seus pecados (a exceção do cordato Jorge). Sutilmente explorando o erotismo, mas com pinceladas de drama, a obra de Eça de Queirós causou impacto na época, com seus personagens decadentes e de moral duvidosa. A pobre Luisa pagará o preço por sonhar demais.




Quando li: 2006
Comprei num sebo.

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